terça-feira, 30 de outubro de 2007

A aposta


- Já não te dou tesão... - Não... - E quem te dá tesão? Ele? - Sim, só Ele... estranho... não sei, amadureci. - Eu podia masturbar-te caso quisesses. - Não. Depois esperarias em troca e eu não quero dar nada. - Não. Eu gosto de dar prazer e se me ofereço... - Eu também gosto de dar prazer, mas sou selectiva a quem o dou. - Podia por-te um dedo... - Não. - Dois dedos - Não. - Três dedos - Não. - Quatro dedos... - Também não. - A língua, lamber-te - Não. Masturba-te. Eu também o vou fazer. Já não o faço, desde... tenho estado sempre acompanhada. - Vou fantasiar contigo. Vais fantasiar com ele? - Sim, é o mais natural, ainda que às vezes ponha mais vinte gajos e gajas à mistura, começa Nele e Ele está presente. Fantasia com os meus pelos nas pernas... Queres apostar um outro livro? - Como é ele? Silêncio - Como pessoa, físicamente? - Sim... - É... é sensível, sensível ao humano, às relações humanas, observador, perspicaz... sensível à minha pessoa, à minha forma de ser. Dá-me tusa, nega-me o imediato, dificulta-me... tem mão em mim. Doma o que em mim quer ser domado. É inteligente, com capacidades de racíocionio... prático, descomplicado. Tem o nariz grande. Como eu gosto... narizes. - Vou fantasiar que te lambo. Já te estás a masturbar? - Já. - Sim, estou a ouvir. Deves estar boa para ser lambida. Silêncio. Pensava em que o Senhor me encostava à parede e me segurava na cabeça, me punha a mão no pescoço e com a outra mão me baixava as cuecas. Me dominava só com a Sua respiração e olhar. E eu sentia-me Sua, nas suas mãos. - Não sei se é da pronúncia... o Porto. - Sim, a pronúncia do norte, tem algo de viril. - Com Ele sinto "Aqui me tens! Faz de mim o que quiseres"... - Isso é bom! - "Sou tua. Beija-me ou da-me chapadas, não me interessa"... - Agora punhas-me de quatro. Porque te ris? - Ah ah ah - Já te vieste? Vieste... Eu ainda não. Ainda bem que não apostei nenhum livro. - Vim - sorri e adormeci.

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