sábado, 27 de outubro de 2007

Recordação no Sofá


Ao olhar as fotografias e escolher uma para aqui colocar, fez com que recordasse uma certa tarde, em que o céu coberto de nuvens e sem uma nesga de sol, nos fazia penetrar num espaço entre o estar e o não estar.
Foi há cerca de um ano, eu estava em casa sozinha deitada no sofá, enquanto tentava ler um pouco e ía olhando esporadicamente o que se passava no ecrã da televisão. Usava o comando para mudar de canal, apenas para não ouvir anúncios ridículos, e passava pelo canal História, pelo Discovery, e regressava ao livro, não me lembro qual.
Acabei por passar pelas brasas e nem me dar conta que Pedro havia entrado no apartamento. Namorávamos há cerca de 5 meses e ele tinha a chave do meu apartamento.
Recordo apenas que senti as suas mãos meigas, quentes, a massajarem os meus ombros, como se ainda estivesse num sonho, em transe.
Mantive as pálpebras cerradas enquanto as mãos dele deslizavam pelos meus ombros, pescoço e íam desabotoando suavemente o camiseiro que tinha vestido. A sua respiração no meu ouvido, intercalada pelos beijos na orelha. As pequenas mordidas suaves.
E a minha tentativa para me manter de olhos fechados, saboreando cada toque, sentido a excitação invadir-me a cada minuto, o calor espalhar-se pelo meu corpo. Fingia dormir, mas ele conhecia-me de tal forma que sabia que eu apenas prolongava o prazer - o dele e o meu. E eu sabia que ele sabia.
Depois o toque nos seios, o deslizar dos seus dedos pelo vale entre eles, até ao elástico da lingerie, contornando a cuequinha, como se fosse passar os dedos por baixo do elástico e descê-la. Mas, voltava a subir para tocar mamilos, pescoço e lábios, penetrando um dedo entre eles para tocar-me a língua.
Eu comecei a suar, sentia que um fio descia pela nuca e acabei por erguer os braços e, ainda de olhos fechados, puxá-lo contra mim e apertar a boca de encontro à dele. O seu riso ecoou já dentro da minha boca, dentro de mim.
Foi ao sentir o seu corpo em cima do meu que me apercebi que se havia despido antes de se aproximar do sofá e começar aquela sedução que me deixava louca. Sentia a sua excitação de encontro às minhas coxas. Excitava-me senti-lo.
As nossas línguas dançavam afogueadas numa dança erótica, rápida e lenta, suave e selvagem.
As nossas mãos deslizavam pelos corpos, apalpando, massajando, tocando e penetrando.
Acabou de me despir e, de olhos nos olhos, entregámo-nos na loucura da paixão que nos unia, dois corpos que se penetravam selvaticamente, de forma alucinada, soltando gemidos, suspiros e gritando de prazer.
O livro esquecido no chão, a televisão num canal qualquer, roupas espalhadas pelo chão.
E nós dois subindo por espirais de prazer, atingindo orgasmos intensos, apoteóticos.
Quantos momentos assim nós vivemos…

Sem comentários: