quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Jacob

Olhas-me e eu rio. Rio por vergonha... por te saber a observar-me, por te saber a olhar-me, a ver-me o cabelo, a desnudar-me o corpo, a desejar-me os lábios, a querer-me inteira. Toda e sempre. Agora e amanhã. Sei-o, sinto-o. Sorris, mas no olhar a dureza de quem diz "meu, é meu tudo isto", em que o isto sou eu. Rio, e não coro. Aprendi a não fazê-lo, a evitar o rubor. Mas por dentro, por dentro estou corada. Peço-te que não me olhes, não me olhes assim... sorris, e os olhos sorriem. Sabes, apercebes-te. Abraço-te. Beijo-te o pescoço. Menina que pula ao pescoço do pai. Aceita-me, aceita-me assim e vê a beleza desta infantilidade. Eu gosto. É bom. Protege-me.

Esta manhã tentei recordar-me de onde me tinha vindo... onde consumei o acto? Quando? Não me lembro... mas sei que o fiz. Estava embriagada. De prazer. Não me lembro, lembras-me? Foi na cozinha, quando me sentaste no balcão? Sabes que eu gosto de forte, que gosto de diferente. Procura-lo dar-me... não me perder para a rotina do dia-a-dia, para a rotina do hábito, da cama.

Já dormias e eu excitada. Imaginando, revivendo. Vi-te, senti-te. E tu ali a meu lado. Abraço-te e digo "era capaz de me habituar a isto". Lembro de como tudo pode desaparecer, morrer, atenuar. Não quero. Quero que fique assim. Eu, tu, o abraço, o desejo, que a indiferença não se faça sentir. Abraço-te. O teu corpo. Grande... é bom, sentir um corpo grande. Os meus braços pequeninos, num corpo grande... Os meus braços pequeninos a tentarem abraçar esse corpo grande. O teu. Que dorme, que é meu porque o meu é teu.

A forma como me tocas, explorando, querendo ver, observar, sentir, o meu prazer, como se ele fosse o teu...

Levantas-te e perguntas se eu sei quão doce sou. Respondo que não, não sei. Não acredito que seja. Sou? Diz-me que sou. Que posso ser, que também sou. Que não sou somente aquela que vejo, a amargurada, a sedenta, a mandona, a insatisfeita. Diz-me. Procuro-o no teu olhar. A toda a hora... diz-me.
Quero que te orgulhes. Da tua menina. Eu.

Foi no sofá? Onde tremi eu? Sim, tremia das pernas. Muito... sentiste.
Agarraste-me nos pneus da barriga e disseste que tudo aquilo teria de desaparecer. Sorri. Não levei a sério. Não te levo a sério... sinto que me aceitas. Os meus pneus agradam-te. Puxa-los a ti. Excito-me. Empurra-me ao lavatório e possui-me, com essas tuas mãos grandes e delicadas nos meus pneus. Chama-me a ti. Chama-me ao teu membro, chama-me ao teu corpo e penetra-me. Vejo a minha vagina. Excita-me a minha vagina. O rasgo da minha vagina. É bonita. Gosto dela. É tua. A minha é tua. Vês? É bonita a minha vagina, assim exposta por me agarrares nos pneus e me os chamares a ti.

Não sei se te amo. Não sei se me amas, mas vamo-nos amando até... até sabermos se realmente amamos.

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